senti-lo aqui. (Presente de casamento.)

Passava da meia noite, e os vizinhos brindavam a algo que tivera acontecido. Brindavam a fotos novas, a sorrisos antigos. Eu, estava sentada na varanda, lendo o jornal da semana passada. Sempre atrasada, deixada para mais tarde. Deixei ele pra depois. Depois de algum tempo, descobre-se que baixar a cabeça em um travesseiro machuca. Qualquer tipo de felicidade se baseia em cigarros e litros de vodka. Sempre mentira. Sempre com culpa.Tinha medo de dizer palavras bonitas, de desejar bom dia, de desejar alguém. De não acordar sozinha.Tive medo quando o conheci. Quis fugir dele, me vi fugindo de mim. Colocava palavras na boca, memórias falsas de ti. Pensar que ele não me amava seria melhor. Esquecer seria melhor. Não esqueci.Resolvi escrever uma carta, e as únicas palavras que vinham em minha mente eram sobre ti, o tipo de sensação que poderia ter sido. O acontecimento que preferiu desaparecer. Que guardei debaixo da grama do teu jardim. Tão tola, eu não quero você. Diga que não me quer, preciso ouvir, preciso me convencer. Não posso lutar sozinha, mas te mandei embora, e não posso pedir que volte. Eu sei que não vai voltar. Feri-te, gastei demais meu batom. Nunca vou saber como poderia ser. Nunca vou acordar com você. Desperdicei meus sonhos, de te ver aqui. Joguei fora todo meu amor, num lixo perto demais de mim. Minhas historias sempre se tornam tão minhas, tão egoístas. Somos dois, e nunca pensei em nós, no que seriamos nós. Pensei só no sofrimento de um suposto fim. Me afastei, te detestei. Como amo você. Preciso de ajuda, de forças que não sei ter, que sempre mantive distante, que rejeitei. Amar nunca fora pra mim, sempre estive mais pra cupido, mais pra culpada. Sempre fui errada. Pelas beiradas. Se eu sentisse que me quer por completa, ou que me enxerga inteira, daquele jeito torto, mas que se encaixa em suas dobraduras. Já é dificil demais aceitar que amo alguém, já é difícil o bastante aceitar que não consigo ficar sem ele. É difícil dizer: volta. Se ele viesse pra perto, pro meu quarto, sem pedir. Eu queria pouca distancia, poucos zeros, nenhum fim. Queria senti-lo aqui. Sempre por perto, sempre em mim.Eu disse a uma amiga que deixar o tempo passar era melhor, o esquecimento vem, tudo passa depois de uma sexta sempre blues. Eu não tenho coração, eu não tinha. De alguma forma ele me deu um, e permitiu-se partir. Ele foi, e eu deixei. Eu deixei, e ele não voltou. Minha cabeça está mil por hora, rimar não me importa. Não quero algo falso, do tipo que escrevo para agradar alguém. Eu só quero ele de volta. Volta.A grande verdade disso tudo, é que antes dele, eu era vazia. Com ele, senti meu coração feliz. Depois dele, sem ele, me perdi. O tempo demora demais, o pra sempre é tempo demais. Mas ficar sem ele, é dor em demasia. Ficar sem ele, é ficar de novo, sem meu coração. É voltar a ser testemunha de sorrisos e abraços vistos nas praças, enquanto eu, apenas alimentava os pássaros. Sem sorrir, sem verdade.Agora escrevo as ultimas palavras, nessa pobre e triste carta:
"Eu sei que fui rude, que mandei você embora depois que fizemos amor.Sei que você sente o mesmo por mim. E admito meu medo, meu receio era te ver partir e foi exatamente o que eu fiz. Não sei se tem volta, se esse é o fim da historia. Mas peço que me desculpe, por ser tão idiota. Eu juraria amor eterno pra você agora. Mas minha falta de coragem de pegar o telefone me incomoda. Sinto muito por não existir "nós". Sinto muito por jogar fora tudo, sempre. Saiba que eu te amo, ainda, muito. E de coração, a grande verdade, é que desejo felicidade aos noivos".

do blog - Não, obrigado. (arianecarreira.blogspot.com)

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